200 mil em aula

Curso técnico com número recorde de estudantes transforma a formação de agentes comunitários de saúde e combate a endemias em todo o país

A imagem mostra uma pessoa, de costas, vestindo um colete azul-escuro com as palavras "Saúde com Agente" e um logotipo, segurando um tablet. O tablet exibe uma vídeo aula. O contexto geral sugere que um profissional de saúde está assistindo um vídeo informativo sobre saúde. A pessoa está usando máscara, indicando uma situação de cuidado em relação à saúde.

Todas as noites, depois da jornada de trabalho como agente comunitário de saúde em São Lourenço da Mata, Pernambuco, Ibrahim de Almeida, 56 anos, apanhava o celular e se punha a assistir aulas e realizar atividades. Ele era um dos 200 mil estudantes da primeira turma do curso técnico oferecido pelo Programa “Saúde com Agente”, uma iniciativa do Ministério da Saúde em parceria com o Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A formação era uma reivindicação antiga desses profissionais que atuam diretamente nas comunidades em todos os 5.570 municípios do Brasil. São os agentes comunitários de saúde (ACS) que visitam residências, fazem o acompanhamento de famílias, dão orientações sobre prevenção de doenças, além de servir como elo entre a população e as unidades básicas de saúde. Já os agentes de combate a endemias (ACE), também contemplados pelo programa, atuam com foco no combate a doenças endêmicas como dengue, zika e chicungunya, realizando inspeções domiciliares, aplicando larvicidas e promovendo ações educativas. Ao todo, o Brasil tem mais de 380 mil desses profissionais atuando pelo Sistema Único de Saúde, o SUS.

Nós sabíamos que não tinha como avançar sem uma qualificação. A gente brigou muito por isso.

Ilda Angélica Correia, presidente da Conacs (Confederação Nacional de Agentes Comunitários de Saúde)

O desafio de formar ao mesmo tempo um número tão expressivo de estudantes só foi possível a partir da estruturação de um modelo híbrido, no qual a maior parte das aulas fosse realizada através de uma plataforma online, o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), e atividades práticas pudessem ser conduzidas nas próprias unidades de saúde onde os agentes atuam. Ao todo, o curso, com carga horária de 1.200 horas, contou com 4.000 tutores online e 16.000 preceptores que realizavam atividades presenciais com todos os 200 mil estudantes matriculados, uma iniciativa com um volume inédito, considerando-se ainda que o programa ocorria de maneira síncrona, ou seja, cada uma das 26 disciplinas era publicada semanalmente e estava disponível para que os agentes de todo o Brasil pudessem realizar as atividades ao mesmo tempo, no período de uma semana.



Do ponto de vista tecnológico, o objetivo era igualmente desafiador: Era preciso criar uma plataforma que fosse capaz de lidar com esse volume de usuários realizando milhões de atividades, entre assistir às videoaulas, acessar as mais de 4 mil páginas de conteúdo disponibilizadas ao longo do curso, participar de fóruns - interagindo com seus colegas e tutores - realizar avaliações e fazer upload de materiais, entre uma série de outras atividades. Por sua expertise com sistemas de conteúdo de alta audiência, combinando alto desempenho com baixo consumo de recursos de infraestrutura, a Simoa apresentou ao Conasems uma solução que alia desempenho, boa usabilidade e custo reduzido, além de construir um ecossistema que, além do AVA, conta com uma série de outros sistemas integrados que dão suporte a esta operação, como a de auditoria de atividades, o Portal Educacional, o “Conta Conasems”, entre outros.

Era uma obrigação ter uma plataforma simples, que não fosse um obstáculo para que as pessoas acessassem o conteúdo, participassem das aulas, fizessem os exercícios, lessem o conteúdo complementar… Não era só assistir a um vídeo. A gente precisava que a plataforma suportasse tudo isso. Sem interrupção, sem indisponibilidade, sem sair do ar, porque a gente não sabia que horas a pessoa teria livre para ver o material.

Sylvio Andrade Jr., assessor técnico do Conasems

A preocupação com a experiência dos usuários no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) era um ponto relevante de atenção: Todos os perfis de usuários - estudantes, tutores, preceptores, coordenadores e gestores - não poderiam encontrar fricções no uso da ferramenta. Isso porque, tratando-se de um uso extensivo e prolongado no decorrer dos meses de uma formação técnica, dificuldades com a plataforma poderiam gerar demandas de suporte a um nível difícil de gerenciar, e ao mesmo tempo desestimular os estudantes a seguirem no curso, um risco que era preciso evitar.



Com esse Norte, a Simoa realizou um processo de descoberta de produto, avaliando as melhores práticas para ambientes de aprendizagem online, e principalmente propondo ferramentas que atendiam as especificidades desse desafio. Não era uma plataforma comum, tampouco uma solução pronta e configurável que daria conta de um curso que fosse síncrono, auditável do ponto de vista acadêmico, integrável todas as instituições participantes através de APIs, mas que, sobretudo, tornasse o ambiente rico e que facilitasse a absorção de conteúdo por parte dos estudantes, bem como a operação por parte de tutores e preceptores.

Nós desenvolvemos uma plataforma educacional que conseguisse atender a diversidade que nós temos no nosso país. Seja do ponto de vista instrucional, seja do ponto de vista tecnológico.

Hisham Hamida, presidente do Conasems.

O tempo de construção da ferramenta também foi um ponto de destaque: O levantamento de requisitos, passando por pesquisa, descoberta, construção e validação de protótipos, até o desenvolvimento, testes e o lançamento em produção ocorreram ao mesmo tempo em que outros processos do programa - como a adesão dos municípios, as inscrições dos estudantes, a seleção de tutores e preceptores - aconteciam em paralelo.



Trabalhando de uma forma muito intensa, eles conseguiram desenvolver uma ferramenta de grande sucesso. É uma das plataformas de educação à distância que mais tem usuários no país.

Sylvio Andrade Jr., assessor técnico do Conasems.

No começo, quando o curso iniciou, teve sim algumas desconfianças por parte dos agentes, mas depois, quando pegou, quando as turmas começaram a interagir, lá na UBS, lá no ponto de apoio para discutir as disciplinas, começaram a discutir como se fazia, começaram a se unir às equipes, começaram a ter aulas na própria casa. Então a coisa pegou e nós tivemos esse sucesso absoluto.

Luis Cláudio de Souza, presidente da Federação Nacional dos Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Combate às Endemias

Como resultado dos esforços tecnológicos, pedagógicos e de toda a cooperação entre os entes envolvidos para a realização da iniciativa, ao fim da primeira turma do Programa Saúde com Agente foram formados o número recorde de 176.313 estudantes.


176.313

estudantes diplomados

5.342

municípios participantes

20.000

tutores e preceptores

77%

de mulheres entre os diplomados

60%

de acessos por celular

1.200 h

de atividades por estudante

Diplomamos 138.107 agentes comunitários e 38.206 agentes de combate a endemias. Num total de 176.313. Um recorde no formato de curso híbrido.

Isabela Pinto, secretária da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, durante a diplomação dos agentes em dezembro de 2023.

O esforço conjunto das instituições envolvidas, dos milhares de profissionais que atuaram no programa, e a plataforma desenvolvida pela Simoa se traduz não apenas em números expressivos, mas num verdadeiro avanço na qualidade do atendimento em saúde do Brasil. Com a qualificação, a atuação dos agentes desempenha um papel importante não só na atenção básica mas também na coleta de informações que podem ser utilizadas para a formulação de políticas públicas que atendam as demandas da população nos municípios.

Esse propósito também ajuda a explicar o alto nível de engajamento dos estudantes, não apenas em números, mas na qualidade do aprendizado e na dedicação do público em realizar incorporar o aprendizado no seu cotidiano.



Ibrahim, agente comunitário em Pernambuco, obteve a nota máxima entre os alunos de sua turma, e conseguiu se graduar entre os 5% melhores estudantes do Brasil.


Foi tudo perfeito, sala de fórum, vídeo aula, e-book, tudo. Assim como as comunicações entres tutores, preceptores e alunos. Ficando tudo claro, perfeito. Só tenho elogios a fazer.

Ibrahim de Almeida, agente comunitário de saúde formado pelo programa.

Instituição

Conasems

Projeto

Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)

Ano

2022-2025